A Pixar, um dos principais estúdios sob o guarda-chuva da Disney, vive um momento paradoxal. Embora seu nome continue sendo sinônimo de excelência em animação para a família, com franquias amadas como Toy Story, Monstros S.A. e Divertida Mente, esse prestígio não tem se refletido no sucesso de bilheteria de seus filmes originais nos últimos anos. A empresa agora busca reverter essa tendência e, ao mesmo tempo, explora novas formas de capitalizar a magia de seus personagens mais icônicos.
A Crise das Novas Propriedades Intelectuais
Já se passaram oito anos desde que um filme original da Pixar, ou seja, que não fosse uma sequência, ultrapassou a marca de US$ 500 milhões em bilheteria mundial. O último a alcançar esse feito foi Viva: A Vida é uma Festa (Coco), em 2017, que arrecadou mais de US$ 800 milhões globalmente e, inclusive, já tem uma sequência em desenvolvimento.
Desde então, o estúdio lançou diversas produções originais, como Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica, Soul, Luca, Red: Crescer é uma Fera, Elementos e o mais recente Elio, mas nenhuma delas chegou perto da marca de meio bilhão de dólares. Em contrapartida, as sequências recentes do estúdio, como Divertida Mente 2, Toy Story 4 e Os Incríveis 2, superaram facilmente essa marca, indicando que o público está mais disposto a ir ao cinema para reencontrar personagens já conhecidos. Essa é uma inversão de tendência para a Pixar, cujos filmes que iniciaram franquias no passado, como Valente, Up: Altas Aventuras, Wall-E e Ratatouille, foram grandes sucessos comerciais.
Os Fatores por Trás da Queda
Diversos fatores contribuem para essa queda no desempenho dos filmes originais. Um dos principais foi o impacto da pandemia global, que praticamente eliminou a possibilidade de sucesso nos cinemas para Dois Irmãos, Soul, Luca e Red, que foram lançados diretamente na plataforma de streaming Disney+. Essa estratégia, embora necessária na época, acostumou o público a esperar pelos lançamentos em casa.
Outro fator é a própria existência do Disney+. Com o aumento do custo de vida em todo o mundo, a plataforma oferece uma maneira mais acessível e conveniente para as famílias assistirem aos novos filmes, tornando a ida ao cinema um investimento reservado para eventos cinematográficos mais garantidos, como as sequências de franquias já consolidadas.
O Futuro em Jogo em 2026
Após a bilheteria modesta de Elio em 2025, que arrecadou pouco mais de US$ 150 milhões, as esperanças da Pixar se voltam para 2026. O estúdio tem uma grande oportunidade de virar o jogo com o lançamento de Hoppers, uma comédia de ficção científica sobre um grupo de cientistas que descobre como transferir mentes humanas para corpos de robôs em formato de animais, permitindo a comunicação com o reino animal. O filme é dirigido por Daniel Chong, que já trabalhou em projetos como Red: Crescer é uma Fera e na série Ursos sem Curso.
Mais tarde no mesmo ano, a Pixar retornará ao seu porto seguro com o lançamento de Toy Story 5, um filme com altíssimas chances de ultrapassar a marca de US$ 500 milhões e se tornar o grande sucesso do estúdio no ano. No entanto, muito depende do desempenho de Hoppers. O fracasso comercial dos últimos filmes originais resultou na falta de investimento em novas franquias, sem sequências anunciadas para Luca ou Red. Se Hoppers não causar um grande impacto, poderá ter o mesmo destino. Mas, se for bem-sucedido, a Pixar pode ter encontrado sua próxima grande franquia original.
A Magia dos Personagens Ganha Nova Vida Fora das Telas
Enquanto a Pixar navega por esses desafios no cinema, a força de seus personagens clássicos continua a prosperar em outras mídias. A empresa de robótica Robosen, conhecida por seus caros e complexos robôs dos Transformers que se transformam de verdade, está lançando uma nova linha de produtos que leva os heróis da Pixar para as mesas dos fãs de uma forma inovadora.
A nova plataforma, chamada “Mini”, consiste em robôs inteligentes do tamanho da mão, controlados por uma base eletrônica que funciona de maneira semelhante a um console antigo. Cada personagem é um “cartucho” que se encaixa na base, permitindo interações com movimentos de braços, vozes e até mesmo programação básica para personalizar as ações. Diferente dos robôs da Sphero, que podiam ser controlados remotamente, os robôs da Robosen são mais como companheiros de mesa interativos.
Wall-E, Woody e Outros Heróis em Versão Robótica
Os primeiros personagens a serem lançados nesta nova plataforma vêm diretamente do universo Disney-Pixar. A coleção inicial incluirá Wall-E e Eva, do clássico Wall-E, além de Buzz Lightyear, Woody, Jessie, Lotso, Rex e os alienígenas de Toy Story 3.
E isso é apenas o começo. A Robosen já anunciou planos para expandir a linha com personagens de outras franquias famosas, como os Minions, Voltron, Como Treinar o Seu Dragão e até mesmo um DeLorean com o Capacitor de Fluxo do filme De Volta para o Futuro.
“Na Robosen, construímos uma plataforma pioneira que une narrativas atemporais com robótica de ponta”, afirmou Rocky Luo, gerente geral da empresa. “Para crianças, pais, colecionadores e fãs de tecnologia, esses Mini Robôs são mais do que brinquedos — são companheiros interativos que evoluem com a imaginação”. Com esta iniciativa, a Pixar mostra que, mesmo enfrentando incertezas nas bilheterias, o legado e o carisma de suas criações continuam a ser uma fonte inesgotável de inovação e encanto.